Blog
Cooperar para Competir: estratégia para mineração
12 de Janeiro, 2024
|
Por Igor Loureiro

Cooperar para Competir: estratégia para mineração

Cooperativas contribuem para a competitividade do garimpeiro. Mas a adoção desse modelo enfrenta desafios. As regras estão escritas na lei, mas nem sempre são praticadas no dia-a-dia. 

Cooperar é operar com o outro. É trabalhar com o outro. É unir forças para um objetivo comum. Na teoria parece bonito. Mas, na prática, tem sido difícil.

O garimpeiro é competitivo, desconfiado e tem alma de empresário. Ele busca as melhores áreas, negocia preços e disputa mercado. Desconfia dos membros de sua equipe, pois a pedra pode ser facilmente ocultada. Não bastasse tudo isso, ele organiza a exploração da mina em função de si mesmo, na condição de líder: bom ou mau, o resultado é sempre do garimpeiro.  É ele que aproveita o lucro ou suporta o prejuízo da mineração.

Nesse momento, o leitor deve se perguntar qual a razão para tentar articular pessoas competitivas num empreendimento coletivo. Respondo que a cooperação é uma estratégia eficaz para manutenção e expansão da atividade de pequenos e médios garimpeiros. 

Por mais bem estruturado que seja um garimpeiro, ele é economicamente inexpressivo diante das empresas transnacionais de mineração. A cooperativa, neste caso, é uma instituição de fortalecimento dos pequenos, de modo que estes possam atuar como grandes. A cooperativa serve para garantir áreas de lavra e para facilitar acesso a insumos e mercados.

Antigamente, descoberta a jazida, a exploração era prontamente iniciada. Do dia para a noite vinha gente de todo lado atrás do sonho de riqueza. Podia-se trabalhar em pequenos grupos, às vezes formados quase que exclusivamente por familiares. Não havia fiscalização e o comércio era feito livremente, sem restrições.

Hoje é mais complexo: requerimento de área, licença ambiental, regulação para acesso a explosivo, certificado de origem, tributo, fiscalização. Um garimpeiro sozinho tem dificuldade de enfrentar a regulação.

Não bastasse tudo isso, os minérios de nosso território são desejados por empresas gigantescas, provenientes de países ricos. As transnacionais estão no Brasil e vão permanecer. Elas aguardam qualquer descuido para assumir as jazidas exploradas pelos garimpeiros. Se falharem na renovação da permissão de lavra ou da licença ambiental, corre-se o risco de perda da área e posterior concessão a grandes empresas. Garimpo desorganizado não detém área legal.

Numa economia desequilibrada, com poucos compradores concentrando a aquisição de muitas pedras, a vida dos pequenos garimpeiros é insuportável. O garimpeiro assume o risco da atividade, mas fica com a menor parte do lucro, pois não tem acesso aos melhores mercados. Os lotes de pedra são adquiridos a preço vil no mercado local, para depois serem revendidos com altos lucros no mercado internacional. Cooperativas, nesse contexto, podem articular acesso a mercados mais qualificados. Como detentora do direito minerário sobre a área de exploração, a cooperativa tem viabilidade para furar a bolha local e buscar novos mercados, com aumento de rentabilidade na venda das pedras.

O garimpeiro é competitivo, desconfiado e tem alma de empresário. Mas todo empreendedor inteligente sabe se unir para enfrentar desafios comuns. Os objetivos comuns a todo e qualquer garimpeiro são dois: atender a regulação do Estado e melhorar o preço da pedra. Esses objetivos são comuns a todos os garimpeiros. É em torno desses objetivos que os garimpeiros podem e devem se articular. Cooperar para garantir manutenção e expansão de suas áreas de exploração; cooperar para furar a bolha do mercado local e acessar mercados que paguem melhor pela pedra; cooperar para ficar forte e competir com os grandes; cooperar para vencer.

Entre em contato e tire suas dúvidas
Nome:
Email:
Telefone:
Mensagem:
Rua Alceu Amoroso Lima, 668 sala 303 - Caminho das Arvores
Horário de atendimento: seg a sex das 14:00 às 18:00
@loureirodematos
Carregando...
Carregando...
Processando...